Archive for junho, 2007

28/06/2007

“a coisa mais certa nas horas incertas”

vou começar a postar os caminhos que as pessoas fazem até cairem aqui no Usina… Tem umas coisas engraçadas.

ó:

“objetivo especifico de xampu de camomila” (caiu no post Cantarola Camomila)
“Pode ser que eu não fique no Brasil” –
“em cartaz no cinema as pontinhas” (???)
“usinas broken” (??)
“versos bonitos para msn” (tem quem queira parecer criativo… haja google.)
“sobre namorados virtuais de mentira que…” (hm)
“preciso de uma resenha sobre o filme…”
“jornal o globo dia 10 de junho de 2oo7 ” (informa)
“colorir bichinhos de jardim”

28/06/2007

 

“A vida inteira eu quis um verso simples
pra transformar no que eu digo.
Rimas fáceis
Calafrios”

Como álcool

28/06/2007

O bêbado passou errante em frente ao portão do prédio. Gritava com raiva. Tremia, cuspia: Maria, tu me paga sua cachorra. Tttu me paga! Não merece um pingo do que eu ssssinto. Cachorra. E trocava as pernas com desconsolo, coçando a cabeça, os cabelos desgrenhados: Te odeio, eu tenho óóóóóoodio de ti. Não quero te ver nunca mais. Não chora Maria, não chora, porque eu te odeio. Eu te explico, tu quer que eu te explique eu te explico, soooome gringa desgraçada. O cambaleante olhava para o chão: Maria levanta, não precisa ajoelhar, não adianta. te manda daqui! A vizinhança olhava meio risonha para o bebum. O cara não dura mais muito desse jeito, olha a sujeira, olha o estado do homem. Maria vai-te embora de casa, arruma tuas trouxas e te manda sua vadia. Não te quero nunca mais. Nunca te quis. Some daqui. Tu não vale o que come, desgraçada. Pára, balbucia umas poucas palavras sem volume, olha para o nada. O miserável então se embriaga mais um pouco e joga a garrafa longe. Arregala os olhos vermelhos e os esfrega com os dedos nojentos. Balança o corpo ébrio por alguns instantes e segue o rumo dobrando a esquina. De longe ainda consigo ouvir os gritos desorientados. Maria, maria. Larga minha mão, não te quero mais. Ttttu não merece um pingo do que eu sinto, mas eu também não te mereço. Te manda, sua vadia. É tua chance, te manda, que se tu aparecer, não te largo nunca mais.

25/06/2007

o leite da mãe
a unha roída
chupeta?
o estralar dos dedos
café
os 5 minutos de acréscimo
o cigarro
os atrasos diários
música
vídeo game
alguma palavra na linguagem
coca-cola
hmm
“O” cafuné

Qual foi o teu primeiro VÍCIO?

Nos meus sete anos, eu era o que eu sou.

21/06/2007

Num dia entre 20 e 26 de fevereiro desse ano eu me vi tomando café da manhã com pessoas de 4 línguas diferentes. Foi em num albergue, em Buenos Aires. Torre de Babel!!! Nos entendíamos no inglês e, claro, linguagem gestual e risadas. Tínhamos então uma brasileira (eu), uma americana, um israelense, e um sul-africano. O sul-africano, um cara de olhos verdes, cabelos claros e pele bem bronzeada, contava que ainda não sabia o que queria da vida, mas que futuramente seria escritor (até agora não sei se estava brincando ou falando sério, porque ele era engraçadíssimo. O cara transpirava carisma. Em um segundo passávamos de um assunto sério para uma gargalhada, e geralmente era ele o responsável por isso). Ok. Mas entre uma risada e outra, ele falou uma coisa que eu achei MÁGICA, e por isso nunca mais esqueci. O cara (puxa, estou tentando lembrar o nome dele, mas…) contava que apesar de ter 27 anos não tinha certeza de suas escolhas. A única coisa que sabia é que escreveria um livro. No mais, viajava. Queria saber mais sobre a vida, sentir coisas diferentes, conhecer pessoas, lugares e histórias. E começou a contar uma das histórias que um dia alguém havia contado pra ele. Vou tentar reproduzir as palavras dele. Pelo menos o sentido em que ele falou cada frase, e como ele contou, me lembro exatamente.

“O fato é que eu não tenho certeza sobre as coisas que espero. Mas sei que também não estou completamente errado. E tenho uma coisa pra contar. Quando você está perdido, meio sem saber o que pensar, sem rumo, ou precisa tomar uma decisão que você sabe que vai influenciar para o resto da sua vida, uma coisa pode ajudar. Você começa a pensar no que foi ontem, e então no que foi na semana passada, e então no mês passado (gesticulava delicadamente com o dedo indicador), e começa a voltar no tempo. Você então chega aos seus dezoito anos, e então aos quinze, aos dez… e então finalmente chega aos seus sete anos. E lá, nos seus sete anos, é que está a resposta. Você é o que você era quando tinha sete anos. Você vai descobrir isso. E quando você não souber o que fazer, tente se lembrar do que você pensava quando tinhas sete anos. Porque é lá que está a resposta. O que você pensava quando tinha sete anos é o que vai ajudar você agora, tantos anos depois.”

Não sei se o cara realmente queria ser escritor, e se um dia vai descobrir o que realmente espera da vida, mas bom contador de histórias era. Quando ele colocou um ponto final no que dizia todos ficaram calados. Queríamos era ouvir mais. Depois daquela manhã ele passou a ocupar um lugar na minha memória. E sei que não fui só eu que saí daquela mesa com uma sensação de que a gente sempre guarda um pouco da criança que foi por baixo dessa pele que envelhece. Nos meus sete anos, vejamos, eu era sonhadora demais.

Nada mudou.

21/06/2007

rosa: Tu é um teimoso
cravo: Eu acho que te odeio
rosa: Isso é bom ou ruim?
cravo: Eu acho que é bom
rosa: Me odeia pra sempre?
cravo: Boba.
rosa: Pára de me xingar!
cravo: Tu é boba.
rosa: Pára.
cravo: Boba é carinho, sua tonga.
rosa: Sei…

16/06/2007

A menina deixou a mão amolecer e a rosa caiu. Os olhos, ausentes, fixaram algo além do chão. O vestido de bolinhas, limpo e bem passado. Os sapatinhos delicados. Deixou tudo de lado. Era novinha. Menina. Tinha uma vida toda pela frente, mas isso não significa que o amor não pudesse ser do tamanho que era. Sem querer saber da próxima hora, começou a seguir o caminho de uma formiga. Ali, sentada naquele banco do parque num dia que seria o mais bonito de todos, não chegou a chorar. Mas só porque era teimosa e não se permitia isso. Só por isso.
Não era ele?
Não.
Não tinha sido ele?
Não.
Mas ela tinha tanta certeza
Ele também.

[ouvindo Beth Orton]

15/06/2007

Era todo feito de corpo, pele
carne e coração